Um lobo-guará, macho foi encontrado atropelado e morto na estrada que liga o bairro barreira à comunidade de São Gonçalo em Conselheiro Lafaiete. O animal foi encontrado pelo estudante de ciências biológicas, Demétrio Alves que atua em um projeto socioambiental no município.
Há quase 10 anos, o estudante realiza levantamento da fauna de Conselheiro Lafaiete voluntariamente. “Hoje infelizmente presenciei esta situação do lobo-guará morto. Não acho que quem atropelou deveria ser culpado. Acidentes acontecem, mas a pessoa teria sim que arcar com a responsabilidade e ter consciência ambiental. Chame o bombeiro, leve-o animal para a zoonoses, liga para polícia ambiental ou faça alguma ação que seja eficaz para que a morte do animal seja impedida numa situação dessas”, comentou.
Segundo Demétrio a lobo-guará é o maior canídeo da América Latina e com a morte de um mamífero de grande porte na região. Isso gera problemas de desequilíbrio ecológico muito sérios que afeta a população direta e indiretamente. Esses animais são extremamente importantes para o meio ambiente. “O lobo-guará é o semeador dos campos. Como ele se alimenta de muitas frutas e roda muito, anda cerca de 20 quilômetros por dia, o animal urina e defeca em vários lugares para marcar território. Ele espalha sementes por onde a e por isso falamos que o lobo-guará é semeador de diversas árvores. Os lobos podem ajudar os produtores rurais porque comem animais que muitas vezes, podem explodir e virar pragas porque têm alto potencial reprodutivo como ratos que invadem grandes plantações e causam doenças como a leptospirose”, explicou o estudante.
Demétrio afirma que é necessário a população tomar conhecimento sobre o assunto. “Nosso trabalho é árduo, mas é muito gratificante. Já amos por várias situações, vimos muitos bichos que eu acredito que a maioria da população não deve nem saber que existe na nossa cidade. “De 2015 para 2016, pude acompanhar uma família de Alouatta Guariba (Bugio Ruivo) que quase foi extinta e dizimada pela febre amarela e especulação imobiliária aqui na região. Já vimos sauá, gato-do-mato, cachorro-do-mato, raposinha”, comentou.
O estudante afirmou que é necessário enriquecer as políticas públicas ambientais na cidade para que a população conheça para preservar o que ainda resta. “Os chacreamentos, pastagens e especulações imobiliárias estão crescendo e com isso o desmatamento de várias áreas de preservação ambiental principalmente entre os bairros São Dimas e São Gonçalo, onde se situa a Mata da Meia Lua que é o maior fragmento de Mata Atlântica aqui da cidade e que faz um grande corredor ecológico para esses animais transitarem”, destacou.
