Por Luiz Otávio da Silva
“Há grandes homens que fazem com que todos se sintam pequenos. Mas o verdadeiro grande homem é aquele que faz com que todos se sintam grandes.”
Gilbert Keith Chesterton

Em 07 de abril de 1931, nascia na saudosa Queluz, atual Conselheiro Lafaiete para deixar um grande legado a todos, Octaviano Francisco Neves de Freitas, filho de Antonio Francisco Neves e Maria Eugenia de Freitas Neves. Morador antigo, conhecido e querido no bairro São João tem fortes ligações com a comunidade local.
Esse carinho e respeito foi herdado de seu pai, cujo nome empresta à rua onde mora senhor Octaviano (Rua Antonio Francisco Neves) e de seu avó que tem o nome dado à praça em frente a igreja do bairro (Praça José Silvestre).
Octaviano iniciou seus estudos no Grupo Escolar Domingos Bebiano. Teve como primeira profissão a de entregador de jornais quando ele tinha 12 anos. Circulava pelas ruas da cidade e também na estação ferroviária fazendo as entregas.
Anos mais tarde foi trabalhar na Companhia Industrial Santa Matilde, na cidade de Três Rios, estado do Rio de Janeiro, por mais de quarenta anos, onde se aposentou. Quando retornou a Conselheiro Lafaiete foi professor de tornearia na Escola Técnica “Os Padres do Trabalho”. Sua relação intima com a música veio muito cedo. Foi músico do conjunto “Calixto e Seus Ritmos” entre 1951 e 1956 e também na União Musical Nossa Senhora das Graças de 1950 a 1956.

Há tempos, havia no bairro São João uma banda de música, a União Musical São João, que infelizmente encerreu suas atividades. O senhor Olímpio Lelis Vieira, ex-músico da banda, morador antigo e respeitado no bairro, saudoso da banda que não existia mais, resolveu criar outra corporação no bairro. Procurou o então pároco da comunidade na época, padre Cornélio Moerel e expressou a ele a vontade que sempre conservou de reativar a banda extinta ou criar outra no bairro.
Padre Cornélio Moerel, entusiasta de alma, prontificou-se imediatamente a auxiliar Olímpio Lelis Vieira a realizar o desejo em ter uma agremiação musical no bairro São João e que seria para todos uma grande conquista. Uma das primeiras pessoas convidadas a fazer do grupo que trabalharia incansavelmente nesse intuito foi o senhor Octaviano Francisco Neves de Freitas. Com a serenidade que sempre norteou a sua vida, senhor Octaviano não hesitou em aceitar o convite. Fundaram uma nova entidade musical – o Grêmio Musical 12 e outubro. Zilda Helena, distinta moradora do bairro, lembra-se com respeito, iração e afirma que o senhor Octaviano assumiu o desafio com coragem e determinação e que até os dias atuais mantém-se à frente do Grêmio com dedicação, brilhantismo e muita competência.
Assumiu a presidência do Grêmio Musical “12 de Outubro” em 1989, sendo atualmente o músico mais velho da banda. Nesse período participou de Curso de Aperfeiçoamento Musical e Regência e de Conserto de Instrumentos pela Secretaria de Estado de Cultura de Minas Gerais. Além de ser músico atuante executa com habilidade a manutenção, reparos e consertos em vários instrumentos musicais não só da entidade musical que preside mas de outras corporações de Conselheiro Lafaiete e até de cidades vizinhas. Desde 2016 possui na Rádio São Francisco FM, um programa de nome “E a Banda Chegou” que tem como objetivo principal a divulgação de temas relacionados à bandas de músicas. É hoje um dos músicos mais antigos da cidade e também um dos mais respeitados.
É pessoa ativa e além das atividades diárias e compromissos aos 91 anos frequenta academia três vezes por semana buscando melhorar a qualidade de vida. Gosta de boa leitura, tem conhecimento farto sobre a história da política brasileira que acompanha desde sempre. Sua trajetória de vida é repleta de boas lembranças e todos que o conhecem sabem os valores de um homem íntegro, calmo, inteligente, sempre ponderado e justo.

Se pudéssemos imprimir a vida do senhor Octaviano em uma pauta musical teríamos todas as três claves principiando a pauta. Os comos seriam compostos de acordes dos mais sublimes e a melodia seria a ternura com que ele sempre trás nos olhos. Não haveria crescente ou decrescente, haveria sim um adágio como é sua fala e um allegro como quando ele rege. A letra?… Como bem diz o poeta “… é bem certo que as palavras nunca estão à altura da grandeza dos momentos”.