A Semana Santa já começou e você nem percebeu

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Quem disse que esse ano não haverá a Semana Santa? Para os cristãos, a semana maior da fé católica é também o momento de fortalecer do espírito para seguir a caminhada humana que nestes tempos de pandemia da Covid-19 se tornou mais árdua e cheia de incertezas.

Talvez na correria do dia-a-dia você não parou um instante para observar de forma mítica que os atos da paixão hoje ocorrem com outros personagens na qual podemos fazer um paralelo com o contexto bíblico que narra os últimos momentos de Jesus. Um novo caminho da paixão e ressurreição se apresenta no contexto pandêmico que se alastrou desenfreadamente pelo mundo. 

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A multidão que naquele tempo saudou a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, hoje festeja a chegada da vacina contra o coronavírus pelas cidades no mundo afora. O Salvador ou imunizante é a dose que traz esperança para todos embora no Brasil, a lentidão no processo de vacinação abre brecha para a mutação do vírus que se espalha com mais velocidade.

Se na última ceia, Jesus lavou os pés de seus discípulos e doou seu corpo, hoje nos hospitais esse papel é dos valorosos profissionais de saúde que dão a vida para cuidar dos pacientes diagnosticados com a Covid-19. Os discípulos do século XXI usam jalecos e seguem os ensinamentos do Mestre “lavando os pés” uns dos outros se colocando à serviço da vida. Esgotados pela rotina cansativa nos hospitais, médicos, enfermeiros e técnicos se doam por inteiro. Também podemos classificar esses profissionais como “Cirineus”, pois eles ajudam a carregar a cruz de quem sofre os efeitos da doença.

Enquanto milhões de brasileiros enfrentam o seu calvário na pandemia, Poncio Pilatos lava as mãos, não para se proteger do vírus, mas para retirar sua parcela de culpa na condenação de mais de 265 mil pessoas que perderam a vida só no nosso país. Também não podemos ser hipócritas e se esquivar das nossas responsabilidades no cenário atual. Enfim, de que forma lavamos as mãos?

Na Semana Santa do contexto pandêmico, a procissão do enterro deu lugar a carreata que por onde a deixa o rastro de dor pela perda de entes queridos, amigos e conhecidos. Certamente Maria, o discípulo João e as mulheres que estavam junto a Jesus crucificado, desceram do Gólgota com a sensação de que tudo acabou. Essa é a nossa reação humana ao voltar para casa depois de ter participado de um enterro. Porém, é preciso seguir em frente e enxugar o sofrimento do rosto para reconstruir a esperança, pois a tão almejada Páscoa, ou seja, o fim da pandemia certamente virá. A vitória sobre o mal e a morte será sem dúvida a ressurreição do mundo para uma proposta de vida mais humana, fraterna e com menos desigualdade.

Por jornalista José Carlos Vieira

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